Parkinson: uma das doenças mais antigas do mundo

Parkinson: uma das doenças mais antigas do mundo

Descoberta há mais de 200 anos, a Doença de Parkinson é considerada a segunda enfermidade neurodegenerativa progressiva mais frequente no mundo, ficando atrás apenas do Mal de Alzheimer. Cerca de 1% da população mundial com mais de 65 anos é portadora do problema, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo são mais de 4 milhões de parkinsonianos no planeta e, com o aumento da expectativa de vida, a estimativa é que esse número dobre até 2040.

Parkinson é uma patologia crônica e progressiva que atinge o sistema nervoso central. Acontece quando há uma diminuição na produção de dopamina pelo corpo, substância responsável pela transmissão de mensagens entre as células nervosas. É a dopamina que ajuda na realização de movimentos voluntários automáticos, aqueles que são feitos sem que o indivíduo precise pensar sobre antes de realizá-los.  E sem esse neurotransmissor, o controle motor é perdido, o que ocasiona os sintomas mais conhecidos da doença, que são os tremores e a lentidão nos movimentos. 

Fatores como predisposição genética, traumas cranianos repetitivos, assim como vida rural com exposição aos agrotóxicos, alto consumo de produtos como pesticidas, solventes e contato com alguns metais pesados também podem contribuir para o surgimento.

Segundo o Dr. Willians Lorenzatto, neurologista e assessor médico do Grupo FQM, logo no início do distúrbio a pessoa pode apresentar alguns sinais de dificuldade em atividades básicas, como comer, andar e falar. Ainda é comum que apresente depressão e outras alterações psíquicas. Aos primeiros sintomas, a avaliação clínica de um neurologista é essencial para o diagnóstico. 

“Quanto mais cedo o quadro é descoberto e tratado, melhor. Novas terapêuticas têm proporcionado uma sobrevida de 15 a 20 anos. O tratamento do Parkinson é feito com medicamentos e equipe multidisciplinar, fisioterapia, fonoaudiologia, nutricionista, enfermeira e, em alguns casos, cirurgia. Existem vários remédios para a melhora dos sintomas. A terapia é individualizada e muda no decorrer do tempo”, explica.

Informação e suporte da família
Para chamar a atenção da população, conscientizando sobre os cuidados necessários com os pacientes, é celebrado, em 11 de abril, o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson.

“Quando falamos em Parkinson, devemos pensar em quem tem o problema e não apenas na doença. Mesmo que ela não tenha cura e ainda não haja uma resposta definitiva sobre o que causa o seu desenvolvimento, hoje em dia já é possível duplicar a expectativa de vida dos pacientes graças às pesquisas feitas no setor. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores são os resultados do tratamento. É importante que a população esteja consciente sobre os sintomas, assim, sempre que identificá-los, vai entender a necessidade de procurar um especialista”, esclarece a Dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do Hospital Santa Mônica. 

Tremores em repouso, lentidão motora, rigidez nas articulações, alterações na fala e na escrita são os principais sinais. “É importante que toda a família esteja orientada e informada sobre o problema, para que se prepare para dar o suporte necessário ao doente, que pode conviver muito bem com a patologia", ressalta a especialista. 

Novidades para o tratamento
Quando o tratamento medicamentoso é associado à prática de atividade física, é possível manter o parkinsoniano funcional por muito mais tempo. A prevenção também está relacionada ao cultivo de bons hábitos ao longo da vida, que favoreçam o envelhecimento cerebral saudável: atividades físicas constantes, redução da obesidade, alimentação orgânica, dormir bem e não fumar.

De acordo com o artigo “Terapia Gênica pode ser promessa no tratamento do Parkinson”, assinado pelo Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião e médico da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Hospital Israelita Albert Einstein, há uma série de pesquisas mundiais, algumas a serem concluídas já no ano que vem, que usam a terapia gênica para atenuar e/ou melhorar a função motora de pacientes com Parkinson. A proposta dos pesquisadores é autorregular a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pela mensagem entre as células nervosas e que tem queda intensa na Doença de Parkinson.

Dentre elas, há uma pesquisa realizada por um grupo francês que estuda a injeção de material genético diretamente em estruturas cerebrais relacionadas à doença. Este DNA carrega informação correspondente não apenas a uma enzima, mas a três enzimas (TH, CH1 e a AADC) envolvidas na produção de dopamina. Se os resultados deste estudo forem favoráveis, as células do cérebro destes pacientes se tornarão capazes de produzir a substância em quantidades adequadas para o alívio dos sintomas da Doença de Parkinson, podendo eliminar a necessidade de terapia medicamentosa. “Embora ainda não acessível, precisamos ver que finalmente é possível falar na possibilidade de cura do Parkinson num futuro talvez não tão distante”, afirma Dr. Valadares no artigo. 

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