Gravidez na pandemia: tratamentos de reprodução assistida

Gravidez na pandemia: tratamentos de reprodução assistida

Dr. Alfonso Massaguer explica sobre as novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e a continuidade dos tratamentos de reprodução humana

No dia 15 de abril, a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) emitiu uma nota relacionada aos tratamentos de reprodução assistida durante o período da pandemia pelo novo coronavírus. O documento reafirma as orientações anteriores, para a suspensão de novos procedimentos, mas traz novas recomendações que devem ser observadas e individualizadas de acordo com a necessidade de cada paciente. Esta nova resolução, devolve a esperança para milhares de mulheres que não podem adiar ainda mais o sonho da maternidade, mesmo em meio à pandemia.

Segundo o especialista em reprodução humana, Dr. Alfonso Massaguer, "até o momento não existem provas ou evidências científicas que apontem algum efeito direto da covid-19 no desenvolvimento embrionário, portanto, quem está grávida, ou em tratamento de reprodução assistida, não está mais suscetível à contaminação por coronavírus ou suas complicações, diferentemente do que aconteceu na epidemia de H1N1, quando a gravidez, por si só, era um fator de risco e tinha efeito direto no desenvolvimento fetal, que ocasionava em partos prematuros por complicações da infecção".

Médico e paciente devem decidir em conjunto, com cautela, e de acordo com algumas particularidades, sobre a retomada dos ciclos de reprodução assistida para que se possa evitar um dano maior, sobretudo, em pacientes em que a idade é limite, com baixa reserva ovariana, em tratamento contra o câncer e outros casos em que não é recomendado esperar o momento mais adequado para engravidar, uma vez que a infertilidade é considerada uma doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Avaliando riscos e benefícios e seguindo as recomendações dos Órgãos de Saúde, é possível dar continuidade aos tratamentos em curso com segurança, de acordo com todos os protocolos de higiene e distanciamento social.

"Já para os casais que ainda podem esperar, recomenda-se congelar o material e dar sequência ao tratamento depois desse período de quarentena exigido pela pandemia", explica Dr. Alfonso Massaguer, da Clínica Mãe.

Ele acrescenta ainda que "para as mulheres que já passaram pelo processo de implantação do embrião antes da pandemia, será necessário fazer os exames indicados para a comprovação da gravidez e seguir as determinações dos Órgãos de Saúde e do Governo com relação ao confinamento. A indicação é que a grávida não saia de casa, a não ser para atividades estritamente necessárias ou por orientação médica", pondera ele.

O mais importante é manter a calma e ser prudente! "A covid-19 não apresenta sinais de contaminação vertical no feto, má formação ou demais problemas genéticos. De todos os casos notificados até agora, há poucos relatos de contaminação do recém nascido. É essencial seguir os protocolos de higiene e isolamento social. O médico saberá orientar o paciente de acordo com a sua necessidade e individualidade na condução do tratamento nesse período", finaliza o especialista.

Fonte: Dr. Alfonso Araújo Massaguer

Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e atua em Reprodução Humana há 18 anos. Dr Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. Foi professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU por 6 anos. Membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da Clínica Engravida, autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina, com passagens em centros na Espanha e Canadá.