Esclerose Múltipla: tratamento consiste em atenuar os efeitos e desacelerar a progressão da doença

Esclerose Múltipla: tratamento consiste em atenuar os efeitos e desacelerar a progressão da doença

O Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla foi instituído pela Lei nº 11.303/2.006 com o objetivo de dar maior visibilidade à doença, informar a população e alertar para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da enfermidade que atinge cerca de 40 mil brasileiros.

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que atinge o cérebro e é provocada por anticorpos que atacam estruturas do sistema nervoso central, prejudicando a função neurológica básica.

Acometendo, de uma forma geral, mais mulheres do que homens, trata-se de uma doença genética e autoimune. “Além do mais, predomina em maior grau os jovens, geralmente, no início de suas carreiras, dificultando assim toda a parte profissional da pessoa diagnosticada com EM”, explica o neurologista do Hospital Albert Sabin (HAS), Dr. Custódio Michailowsky Ribeiro.

Os principais sinais da EM são:

- Fadiga:
- Parestesias (dormências ou formigamentos) e nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face);
- Neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho) e diplopia (visão dupla);
- Perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular;
- Falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;
- Dificuldade de controle da bexiga ou intestino;
- Problemas de memória, de atenção, do processamento de informações e alterações de humor, depressão e ansiedade.

O diagnóstico se dá através de anamnese com o médico neurologista, que solicitará exames de imagem como ressonância magnética com ênfase nas placas desmielinizantes, ou seja, na medula e/ou no cérebro onde ocorra uma inflamação na bainha de mielina dos nervos, e o estudo do líquor para constatar a presença de anticorpos causadores da enfermidade.

“Como na maioria das doenças, o diagnóstico precoce é um fator preponderante no sucesso do tratamento, pois existem medicamentos imunomoduladores que ajudam muito no recurso terapêutico”, diz o Dr. Custódio.

Embora ainda não exista cura para a EM, há tratamentos medicamentosos que buscam reduzir a atividade inflamatória e a ocorrência dos surtos ao longo dos anos, contribuindo para a diminuição do acúmulo de incapacidades durante a vida do paciente. Além do foco na doença, tratar os sintomas é muito importante para a qualidade de vida dessas pessoas. Os medicamentos utilizados, bem como todo o tratamento, devem ser indicados e acompanhados pelo médico neurologista de forma individualizada.

O principal medicamento administrado para EM é a beta interferona, que é de uso contínuo e inibidor da recorrência dessa doença, que se divide em três tipos: 

- Remitente-recorrente (EMRR): caracterizada pela ocorrência dos surtos em média uma vez por ano e, geralmente, ocorre nos primeiros anos da doença com recuperação completa e sem sequelas;
- Secundária progressiva (EMSP): cerca de 50% dos EMRR evolui para esse tipo, onde o paciente não se recupera de forma plena ante os surtos e acumula sequelas que vão desde a perda visual definitiva até a dificuldade para andar;
- Primária progressiva (EMPP): quando ocorre o aumento constante da incapacidade e piora dos surtos.

“Existem tratamentos e medicações para todos os tipos de esclerose múltipla, contudo, o mais importante é que o paciente procure ajuda especializada ao sentir os primeiros sintomas, pois, o prognóstico depende em muito na rapidez da identificação da doença”, finaliza o neurologista do HAS.

Para manter uma boa qualidade de vida, é importante que os acometidos adquiram alguns hábitos, veja a seguir

- Embora não altere a evolução da doença, é importante manter a prática de exercícios físicos, pois eles ajudam a fortalecer os ossos, a melhorar o humor, a controlar o peso e contra sintomas como a fadiga;
- Quando os movimentos estão comprometidos, a fisioterapia ajuda a reformular o ato motor, dando ênfase à contração dos músculos ainda preservados;
- O tratamento fisioterápico associado a determinados remédios ajuda também a reeducar o controle dos esfíncteres (músculos que controlam a eliminação de fezes e urina);
- Nas crises agudas da doença, é aconselhável que o paciente permaneça em repouso.

É sempre importante lembrar que a EM:

- Não é uma doença mental;
- Não é contagiosa;
- Não é suscetível de prevenção;
- Não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os afeitos e desacelerar a progressão da doença.

Fontes: / bvsms.saude.gov.br / Hospital Albert Sabin (HAS)

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