Esclerose múltipla: os desafios de quem convive com esse problema

Esclerose múltipla: os desafios de quem convive com esse problema

De acordo com o Ministério da Saúde, a esclerose múltipla é uma doença que afeta 8,69 pessoas a cada 100 mil habitantes do país. No mundo, estima-se que entre dois e 2,5 milhões de pessoas convivam com essa enfermidade, que é neurológica, crônica e autoimune. Um problema que não tem cura, mas que pode ser tratado e acompanhado por especialistas para que o paciente possa ter mais qualidade de vida. 

“A esclerose múltipla é provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos. Os sintomas que indicam que o paciente tem o problema vão depender muito do local afetado, já que o sistema nervoso é como um mapa”, diz o Dr. Alex Baeta, neurologista da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Se a lesão é em determinado ponto, você tem um sintoma que pode ser neurológico ou pontual. Nisso, o cérebro pode ser afetado, os nervos óticos ou a medula espinal. Os sintomas vão desde alterações na sensibilidade, perda da coordenação motora e da motricidade, alterações visuais, visão dupla, incontinência urinária ou retenção urinária”, acrescenta.

Para ter o diagnóstico comprovado, não basta, apenas, apresentar alguns dos sinais da doença. O paciente precisa passar por uma avaliação com um neurologista e realizar exames necessários para identificar e confirmar se o problema existe. “O exame comprobatório mais relevante é a ressonância magnética do encéfalo e da medula espinal. Ele é o principal método para diagnóstico”, declara o médico.

Pessoas mais jovens, que têm entre 20 e 40 anos, e principalmente mulheres fazem parte do perfil dos mais afetados pela esclerose múltipla. Até apresentar algum dos diversos sintomas, a doença se desenvolve no paciente afetando as células imunológicas, que modificam seu papel e, ao invés de protegerem o indivíduo, passam a agredir as estruturas do cérebro, como se não reconhecesse aquela estrutura como própria. “E produzem inflamações que ocorrem, particularmente, na bainha de mielina que envolvem o prolongamento de axônio, que são responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para o corpo e vice-versa. Com a melina danificada e, consequentemente, isso se estendendo aos axônios, essas funções coordenadas pelo cérebro são comprometidas e, dessa forma, essa disfunção acaba levando a sintomas diversos”, detalha o especialista.

Tratar é preciso
A principal forma de esclerose múltipla é a recorrente remitente, responsável por quase 85% dos casos da doença. Esse tipo é caracterizado pela ocorrência de surtos que melhoram espontaneamente ou após tratamento específico. “Geralmente, isso acontece nos primeiros anos da doença e o paciente tem uma recuperação completa e sem sequelas. Esses surtos podem durar horas, dias ou semanas, se repetem por vezes, mais ou menos, no prazo de dez anos. Apenas metade desses pacientes evoluem para a forma secundariamente progressiva e, nessa etapa, esses pacientes não se recuperam plenamente dos surtos”, explica Dr. Alex.

Segundo o médico, a forma de tratamento da doença vai depender das características de como ela se manifesta no paciente.  “Há o tratamento dos surtos, que é feito na fase aguda dos sintomas em que, geralmente, é utilizado pulsoterapia com corticoterapia endovenosa. Pode ser também a corticoterapia oral, dependendo do caso. Além disso, pode ser plasmaférese e imunoglobulina. O tratamento mais comum é com corticoterapia em forma de pulsoterapia. No entanto, existe uma segunda parte do tratamento que ajuda a controlar a doença, temos então como terapia modificadora da doença algumas drogas que estão disponíveis no Brasil, como os interferons, o acetado de glatirâmer, a Teriflunomida, o Fumarato de dimetila, o Fingolimode Natalizumabe, entre outros. 

Um dos principais desafios de quem convive com a esclerose múltipla é fazer o acompanhamento periódico da doença com uma equipe médica multidisciplinar. Isso porque é preciso manter uma rotina de acompanhamento neurológico com exames de imagens. Além disso, é importante manter uma rotina saudável, com atividades físicas, exposição ao sol pela manhã e alimentação balanceada para controlar o problema. 

“Para contribuir com a qualidade de vida dos pacientes, é importante que a sociedade entenda que alguns têm limitações e respeite essas limitações. O apoio psicológico é essencial. É uma doença que não pode ser prevenida, mas com diagnóstico e tratamento precoce é possível evitar sua progressão”, conclui. 

Crédito da imagem: Freepik.