Esclerose Múltipla: diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais

Esclerose Múltipla: diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica desmielinizante autoimune crônica provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que reveste os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central (SNC). 

Alguns locais no sistema nervoso podem ser alvo preferencial da desmielinização característica da doença, o que explica os sintomas mais frequentes: o cérebro, o tronco cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal. 

A prevalência e incidência de EM no mundo variam de acordo com a geografia e etnia, com taxas de prevalência variando de dois por 100.000 na Ásia e mais de 100 por 100.000 na Europa e América do Norte. 

No Brasil, estima-se que existam 40.000 casos da doença, uma prevalência média de 15 casos por 100.000 habitantes, conforme a última atualização da Federação Internacional de Esclerose Múltipla e Organização Mundial da Saúde (OMS). 

A doença atinge geralmente entre pessoas jovens em média entre 20 e 40 anos de idade, predominando entre as mulheres.  

As causas envolvem predisposição genética (com alguns genes já identificados que regulam o sistema imunológico) e combinação com fatores ambientais, que funcionam como “gatilhos”, como:

  • Infecções virais (vírus Epstein-Barr);
  • Exposição ao sol e consequente níveis baixos de vitamina D;
  • Exposição ao tabagismo;
  • Obesidade;
  • Exposição a solventes orgânicos;

Estes fatores ambientais são considerados na fase da adolescência, um período de maior vulnerabilidade.

Nos portadores de Esclerose Múltipla, as células imunológicas invertem seu papel: ao invés de protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo inflamações. As inflamações afetam particularmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os prolongamentos dos neurônios, denominados axônios, responsáveis por conduzir os impulsos elétricos do sistema nervoso central para o corpo e vice-versa. 

Com a mielina e os axônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. Desta forma surgem os sintomas típicos da doença, como alterações na visão, na sensibilidade do corpo, no equilíbrio no controle esfincteriano e na força muscular dos membros com consequentemente redução da na mobilidade ou locomoção. 

Os surtos (desmielinização) ocorrem a partir do surgimento de um novo sintoma neurológico ou piora significativa de um sintoma “antigo”, com duração mínima de 24 horas. 

Para ser considerado um novo surto é necessário que ocorra um intervalo mínimo de 30 dias entre eles - caso contrário, considera-se o sintoma do mesmo surto em andamento. A recuperação dos ataques destas inflamações (desmielinização), chamados de surtos, pode ser total ou parcial (remielinização). 

O quadro clínico de cada surto é variável e pode apresentar mais de um sintoma. 

Alguns pacientes apresentam piora dos sintomas na ocorrência de febre ou infecções, frio extremo, calor, fadiga, exercício físico, desidratação, variações hormonais e estresse emocional – no geral são situações transitórias.  Atenção especial às infecções, pois agravam o quadro clínico do paciente desencadeando sintomas que podem ser considerados surtos, mas nestas situações é considerado “falso ou pseudo-surto”. 

Sinais e sintomas da Esclerose Múltipla

Os mais comuns são:

  • Fadiga: fraqueza ou cansaço;
  • Sensitivas: parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face);
  • Visuais: neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho – escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla);
  • Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade);
  • Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;
  • Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino;
  • Cognitivas: problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação);
  • Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade.

Tratamento da Esclerose Múltipla

Entre as possibilidades de terapias disponíveis, o tratamento medicamentoso da EM envolve:

1. Fingolimode: medicação oral que evita a saída dos linfócitos dos linfonodos.
2. Ocrelizumabe: anticorpo monoclonal de aplicação endovenosa semestral, leva a depleção de linfócitos B.
3. Alentuzumabe: anticorpo monoclonal de administração em dois ciclos com intervalo de 1 ano, leva a depleção de linfócitos T e B.
4. Cladribina: medicação oral, cuja administração é realizada em dois ciclos anuais (depleção imune de linfócitos B e T).
5. Natalizumabe: anticorpo monoclonal de aplicação endovenosa mensal que impossibilita a entrada dos linfócitos dentro do sistema nervoso central.

Fonte: einstein.br
Crédito da imagem: iStock.com/koto_feja