Cinco pontos para entender a enxaqueca e a dor comum

Cinco pontos para entender a enxaqueca e a dor comum

Dor de cabeça ou enxaqueca? Independente do diagnóstico, uma coisa é fato: não se pode esperar a dor piorar para tratar. Este é o alerta do médico neurologista e neuro-oncologista Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Abaixo, ele explica em cinco pontos como diferenciar e tratar as dores de cabeça e enxaqueca:

1. O que diferencia a enxaqueca de uma dor de cabeça momentânea?

“De fato, a chance de estarmos lidando com uma dor de cabeça momentânea é, aparentemente, maior do que estarmos lidando com uma dor de cabeça crônica ou uma dor de cabeça relacionada à uma doença grave ainda não descoberta. Dores de cabeça são, na maioria das vezes, por duas causas comuns e passageiras: tensional (dores geralmente mais leves que uma crise de enxaqueca, sendo notada nos dois lados da cabeça e sem uma sensação de náusea, irritabilidade com a luz e cheiros fortes) e enxaqueca (geralmente começa e fica de um lado da cabeça, atrapalha muito a rotina da pessoa, pode gerar muita náusea, irritabilidade com a luz, sons e cheiros, e pode gerar até mesmo dias perdidos no trabalho ou redução da produtividade de forma geral). Para termos uma ideia de quando precisamos de um acompanhamento neurológico para dor de cabeça, com certeza devemos considerar se a dor está impactando o paciente na sua rotina social, trabalho, reuniões de família, e principalmente quando não se sabe ainda o motivo da dor de cabeça e como tratar.

2. Quais as origens mais comuns da cefaleia?

“A origem exata da dor de cabeça ainda está para ser melhor esclarecida na Medicina, mas podemos, com alguma certeza, apontar que neurônios sensitivos em alguns locais do cérebro estão mais ‘abertos’ aos estímulos, ficando muito ativos e gerando um processo neuro inflamatório que culmina na dor de cabeça. Não acredito que isto por si só vai explicar todos os tipos de dores de cabeça que podemos ter, mas esta hipótese nos ajuda a guiar o tratamento do paciente da melhor forma. Fica um pouco mais fácil entender o motivo do estresse gerar dor, assim como muita luz, barulhos intensos, cheiros muito fortes e outros. Com o passar do tempo o mecanismo de cada dor vem ficando mais claro, e podemos ter fé que novas formas mais efetivas de tratar irão surgir.”

3. No caso de uma dor de cabeça momentânea, como tratar o sintoma?

“A dica é lembrar qual remédio geralmente funciona na rotina, podemos ter diversas opções. Gosto de ensinar aos meus pacientes que temos sempre que tratar na primeira hora de dor, mesmo que ele fique em dúvida se a dor irá crescer a ponto de precisar do remédio. Tratar na primeira hora aumenta a chance de eliminar, de vez, aquela crise, e reduz as chances de cronificação, então compensa! Outra dica, que considero muito importante, é tentar usar medicamentos que costumo chamar de ‘puros’, isto é, não combinados com diversos outros remédios, pois isto aumenta a chance de vício e redução ao longo do tempo da eficácia do remédio. Prefira sempre um remédio, um mecanismo de ação, como dipirona, paracetamol, ibuprofeno, e não os combinados com relaxantes musculares, cafeína etc. Tente sempre utilizar a dose correta sugerida, no Brasil temos o costume de utilizar doses menores, com medo do remédio, e isto não é correto.”

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