Brasil está 53% abaixo da taxa de cobertura de mamografia recomendada pela OMS

A cada ano são estimados 66.280 novos casos de câncer de mama, o que corresponde a um risco de 61,61 diagnósticos a cada 100 mil mulheres. 

O câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre as pessoas do sexo feminino no País. São cerca de 12 óbitos para cada 100 mil mulheres. 

Esses resultados podem ser explicados em grande parte pela baixa cobertura mamográfica nacional e, consequentemente, pelo diagnóstico tardio da enfermidade. Fatores estes que, inclusive, sofreram forte impacto durante a pandemia provocada pelo Covid-19, de acordo com dados do Panorama de Atenção ao Câncer de Mama no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Em 2020, houve uma queda de 40% no número de mamografias realizadas no Brasil por mulheres entre 50 e 69 anos de idade na comparação com 2019. Em 2021, a redução foi de 18%. 

Ao fazer a divisão por regiões, o que se observa é que, no Centro-Oeste, as diminuições foram de 50% em 2021 e 19% em 2022; no Nordeste, de 43% e 10%; respectivamente; no Sul, de 40% e 23%; no Sudeste, de 40% e 21%, e, no Norte, de 23% e 4%. 

Os piores resultados em 2020 foram no Acre (60%), no Piauí (58%) e no Mato Grosso (56%). Em 2021, Acre (63%), Amazonas e Mato Grosso (35% cada) se destacaram negativamente. 

O único estado que registrou aumento no número de mamografias nos últimos dois anos foi o Amapá (1.562% em 2020 e 3.062% em 2021).

“O câncer de mama já tinha desafios relacionados ao diagnóstico e acesso ao tratamento e que foram potencializados com a pandemia”, afirma a coordenadora do Observatório de Oncologia, Nina Melo.

O diagnóstico tardio por si só já diminui as chances de cura. Mas, quando o tratamento ainda demora a ser iniciado, o resultado se torna bem pior.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 70% da população feminina a partir dos 40 anos realize o exame anualmente.