Andropausa, eu?

Andropausa, eu?

A baixa da testosterona pode causar vários sintomas no organismo masculino, mas tem tratamento. Confira as dicas e não tenha vergonha de buscar ajuda médica

Diminuição da libido, disfunção erétil, desânimo, perda da força muscular, esquecimento, lentidão no raciocínio, irritabilidade. Você sabia que nem sempre esses sintomas são do estresse do cotidiano? Muitas vezes esses sinais podem indicar a queda de hormônios nos homens, o que é denominado Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), pois a partir dos 40 anos, a produção de testosterona cai 1% ao ano, conforme explica Dr. Carlos Da Ros, coordenador geral do Departamento de Sexualidade e Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

De acordo com Dr. Carlos, a síndrome consegue passar despercebida por alguns homens, sendo comum em indivíduos mais velhos, após os 60 anos, mas existem casos precoces. “A qualidade de vida da população masculina com níveis baixos de testosterona é capaz de ser bem prejudicada. Assim, vale a pena consultar um urologista, avaliar a próstata e discutir a reposição do hormônio”, adiciona o coordenador.

Tenho esses sintomas: e agora?

Conhecida também como andropausa, diferentemente da menopausa na mulher, a qual aparece de maneira rápida em poucos anos, varia de homem para homem e se instala de forma mais insidiosa, dificultando e retardando seu diagnóstico, segundo afirma a endocrinologista Thaysa Costa.

A médica salienta que a ausência de acompanhamento e tratamento adequados pode trazer problemas de saúde maiores em longo prazo, muito semelhantes a menopausa na mulher, como a osteoporose, por exemplo.

“Além disso, acredita-se que níveis baixos de testosterona estão associados às alterações desfavoráveis de triglicérides e colesterol HDL reconhecidos como fatores de risco para doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Por isso, é importante buscar ajuda médica especializada e qualificada para reconhecer as queixas, descartando outras situações comuns que possam causar manifestações similares como diabetes, hipertensão arterial e outras síndromes endocrinológicas como o hipogonadismo”.

Apesar de todas essas questões, o quadro tem tratamento. De acordo com a endocrinologista, assim como na maioria dos distúrbios endocrinológicos, a forma de reverter a falta de um hormônio que o corpo está reduzindo naturalmente a produção, é fornecendo sua reposição por meio de formulações bioidênticas. Porém, deve ser feita de maneira individualizada, levando em consideração o estilo de vida, condições de saúde e preferências do paciente.

“É fundamental, contudo, perceber que muitos dos sintomas associados com a andropausa também têm relação com o envelhecimento natural do homem e podem não ser revertidos exclusivamente com a reposição do hormônio. Manter sempre uma vida saudável, com alimentação balanceada e atividades físicas que estimulem tanto a mente quanto o corpo são importantes adjuvantes no tratamento”.

Os perigos da reposição de testosterona inadequada

O coordenador geral do Departamento de Sexualidade e Reprodução da SBU alerta que, apesar do procedimento ser bastante seguro, existindo a recomendação formal, há um uso indiscriminado do hormônio em homens com níveis normais, sem nenhuma indicação.

“Muitos deles nunca fizeram uma dosagem hormonal laboratorial, em nenhum momento avaliaram a próstata e não foram alertados sobre a possibilidade de infertilidade. O que é uma lástima, pois muitos casos não têm reversão. Por isso, é primordial procurar por profissionais que estão capacitados a discutir o assunto de maneira bem ampla e não usar testosterona sem uma orientação formal e precisa”.

Mais qualidade de vida, sempre!

Thaysa finaliza informando que, em primeiro lugar, é importante reconhecer que o envelhecimento não é uma doença e aceitá-lo como uma fase de evolução da vida ao invés de lutar contra ou até mesmo negá-lo.

“A andropausa pode muitas vezes passar despercebida e prolongar o sofrimento relacionado aos seus sintomas. Assim, é fundamental não ter vergonha em procurar ajuda ao sentir algum sinal para ter o auxílio necessário, tornando essa etapa o menos desagradável possível. Praticar atividades que tragam prazer, manter-se ativo e ter uma alimentação rica em nutrientes e com menos gordura sempre auxilia na longevidade com qualidade”, complementa a endocrinologista.